quarta-feira, 11 de abril de 2018

Canção para amar


Canção para amar 

capitulo 1


“ Amor? Começo a me perguntar se tal coisa realmente existe, pois nunca amei alguém na minha vida.”

Tudo começou quando eu ainda estava no colegial.
Todos à minha volta sempre me humilharam, riram de mim e me davam ordens.
E se não seguisse era encurralado e todos me batiam ate eu me desculpar com todo o grupo, eu realmente queria sumir.

Meu cabelo sempre cresceu rapidamente e minha mãe sempre gastava muito dinheiro para mandar cortá-lo, então ela simplesmente deixou crescer.
Por conta disso e meu corpo não conseguir engordar eu sempre sofri bulling.
Me chamam de menina, rasgam minhas roupas e me maquiam.
"“ sua bicha”,” deveria morrer", "quem deixa o cabelo assim?”Já me acostumei a isso, as palavras não me atingem mais. Mas os tacos, as pedradas e os socos ainda doem.
Minha mãe nunca me perguntou por que sempre cheguei machucado ou rasgado em casa, e meu pai? Ah sim! Ele é o melhor de todos, eu amo meu pai, mas está sempre chegando em casa fazendo barulho e gritando. Minha mãe não chega perto dele, porque tudo sou eu que faço.
Ela sempre diz: “Vai ver se seu pai precisa de algo"
Isso me deixa furioso, por que eu? Porque ela não vai? Porque isso?
Então lá vou eu, dando passos de leve para não ser notado. Ele está no quarto deitado, vendo TV e fumando. A fumaça me incomoda bastante e eu fico com irritação, penso em voltar já que ele está bem,fecho q porta devagar e ela range, fazendo meu pai me notar.
Com a voz rouca ele diz: “Ei Muriel, vem aqui e deite do meu lado"
Eu hesito dizendo que a mamãe só me pediu para ver se ele estava bem. Mas ele grita comigo e me manda deitar.
Silenciosamente e assustado me deito ao seu lado, ele afaga minha cabeça com suas mãos grandes e quentes.
Começo a chorar e meu pai me abraça dizendo que vai ficar tudo bem, então adormeço envolvido no calor das suas mãos.

Quando ia para a escola, não via a hora de ir para casa e ficar sozinho, sem humilhação e sem apanhar. Por cinco meses meu pai me fazia dormir, era tão caloroso sentir que alguém me queria por perto. Até... O dia em que meu pai foi demitido de seu emprego.Nesse dia eu tinha apanhado em dobro e fui pra casa rasgado e sujo, minha mãe me olha e diz com voz suave:” Atrasou para o jantar, vá ver se seu pai precisa de algo.”
Sem nem pensar duas vezes corro em direção ao seu quarto e abro a porta, sorridente pergunto se posso dormir em sua cama.
Mas a cena que vi ao abrir meus olhos foi deprimente
“Alguém te bateu, pai?"

Ele estava no chão, fedendo a cigarros e bebidas, não falava coisas com sentido: “não fui eu, foi um extravio"
“não fui eu, foi um extravio”
Repetidas vezes ate me notar parado ali na porta com os olhos cheios de lágrimas.
Acenando para eu sentar ao seu lado, ele deitou no meu colo chorou até cair no sono e ali eu também dormi.

São três da manhã e eu acordo na cama e não vejo meu pai, eu o chamo, mas ele não responde. Levanto-me e ouço o chuveiro ligado, vou andando em direção ao box e ele estava lá embaixo da água quente... quieto...seus dedos estavam enrugados e sua pele pálida.
"Papai, porque está aqui a essa hora?"
Meu pai sorriu, mas na verdade o sorriso dele me transmitiu uma enorme vontade de chorar.
"Venha Muriel, tome uma ducha com seu pai"

Obedientemente entrei ao chuveiro, pegando o sabonete para me lavar, mas meu pai tomou a frente dizendo que ia me lavar já que não fazia ha anos.
Esfregando meus cabelos e passando pelo  meu pescoço, ençaboando minhas costas e meu tórax fazendo voltas em meu mamilos. Eu dou risadas e digo que faz cócegas, me olhando seriamente diz para eu ficar quieto e não me mexer.
Suas maos descem ate a barriga indo para virilha, ele ajoelha e passa mais sabonete,diz para eu abrir as pernas senão não poderá lavar direito.
Me virando de costas sinto suas mãos nas minhas coxas, subindo levemente para minha bunda.  Ele apóia sua cabeça em minhas costas e diz que sente muito e me manda ir para o meu quarto, depois disso ele não apareceu em casa por dias.

Tudo estava normal, minha rotina era trabalhar em casa, estudar, apanhar, ir pra casa dormir e no dia seguinte a mesma coisa.
Chegando quase em casa depois de mais um dia exaustivo na escola, da rua dava para escutar a discussão dos meus pais, os vizinhos na janela ouvindo e murmurando "que tragédia".
Entrei em casa e vi meu pai transtornado e aos prantos perguntando como ela pôde fazer isso com ele. Com as malas prontas minha mãe deixa a mim com meu pai, dizendo que eu não era seu filho e que voltaria para me buscar.
Mas na verdade ela não voltou, pois já se passaram três anos após o ocorrido e eu estou vivendo com meu pai. As coisas mudaram um pouco, não na escola, mas em casa. Meu pai se tornou distante e agressivo, raramente vem em casa e quando vem sempre me bate.

Hoje faço 15anos, meu pai acordou cedo e fez o café, ele parece um pouco feliz, diz para eu me sentar a mesa e comer o pão que ele fez e disse que quando eu terminasse me levaria para a escola como meu presente, já que nunca o fez antes.
Deixando-me na entrada principal dá-me um beijo de despedida dizendo vir me buscar também e se tudo der certo na entrevista me comprará uma lembrança.

É o começo de um novo semestre, a pátio realmente está cheio e de alguma forma me sinto incomodado com isso, as coisas irão continuar as mesmas como sempre?

Ala 3,sala 8. Primeira aula será de educação física, eu odeio atividades físicas, não tenho resistência nenhuma e não gosto de me sentir suado. Na quadra de esportes cada grupinho já esta formado: os inteligentes, as patricinhas, os delinqüentes, os riquinhos e eu.
Sentado no canto para não ser notado, uma pessoa me observa com convicção, ela começa a se aproximar de mim, ajeita seu cabelo por de trás da orelha, da um belo sorriso estendendo a mão a mim:

- Eu sou a Lila, tudo bem em sermos amigos a partir de agora?


Ali fiquei perplexo... Imóvel.

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